Abertura da VII Conferência (Carlos Santos) PDF Imprimir
07-Jun-2012

fotografia_udp_carlos_santos.jpgBom dia caras e caros camaradas

A Joana propôs-me que eu fizesse esta intervenção de abertura, que ela tem feito nas últimas conferências. Só me cabia aceitar.

Esta nossa Conferência tem lugar num momento crucial para o nosso povo, neste tempo de crise global do sistema capitalista.

Neste período no nosso país, centenas de pessoas por dia perdem o emprego, dezenas e dezenas de famílias perdem em cada dia a sua casa. A vida atinge um nível brutal de agravamento para a grande maioria da população de Portugal. As mulheres e a juventude são dos que mais sofrem.

Nesta crise global, que teve início em 2007, as pessoas que vivem da sua força de trabalho são penalizadas duramente pela política imposta pelas grandes potências e pelo capital financeir.

 

Contudo, essa política não está a conseguir resolver a crise sistémica, que continua a aprofundar-se. A União Europeia é um dos centros dessa crise. Portugal é, de novo, um dos elos fracos.

O terramoto, que começou por ser financeiro e produto do rebentamento da bolha da especulação imobiliária, atinge todas as esferas da vida social, todas as classes, movimentos sociais e partidos políticos. O nosso partido, o Bloco de Esquerda, porque tem lutado por uma alternativa e disputado maiorias sociais encontra-se no epicentro político no nosso país. E nestes tempos conturbados, quando os “de cima” têm dificuldade em continuar a viver como dantes e os “de baixo” são lançados numa vida cada vez mais penosa, abrem-se muitas vezes possibilidades de mudanças sociais de fundo.

Da nossa associação, a sociedade espera uma contribuição ideológica e política para uma resposta aos desafios colocados.

Nos últimos 13 anos, a UDP tem dado um contributo importante para o papel que o Bloco de Esquerda tem tido na sociedade portuguesa e na sua ação como partido de esquerda, popular, plural e lutando pelo socialismo.

Nos atuais desafios, o Bloco de Esquerda é chamado a assumir novas responsabilidades, da UDP esperam-se contributos inovadores. E temos todas as condições para estar à altura das tarefas que nos estão colocadas, para o que esta conferência é extremamente importante.

Para a UDP, o Bloco de Esquerda e a sua linha política é uma questão estratégica, é a abordagem política e organizativa, no momento atual, da luta pela transformação da sociedade. A UDP defende causas, defende reformas, numa perspetiva de transformação social e de luta concreta pelo socialismo.

A nossa associação é marxista, faz uma análise da sociedade tendo por base os diferentes interesses que nela conflituam. A luta de classes não é um pretexto, não é uma ideia pré-concebida, é uma realidade e é também uma ótica para entender a sociedade e lutar pela sua transformação.

A UDP é internacionalista, sabemos que a via da transformação social não se pode limitar à luta num país, ainda mais neste tempo de crise da globalização capitalista. E temos uma visão muito aberta do internacionalismo, procurando compreender, entender e apoiar o nascimento e o desenvolvimento de novos partidos e correntes de esquerda noutros países, sem estarmos agarrados a esquemas anquilosados.

A nossa associação procurou tirar lições da tragédia do socialismo real e aprendemos quão importante é lutar por um partido, por uma direção revolucionária, e como é decisiva a democracia no partido e a democracia na sociedade para a luta dos oprimidos. Fizemos uma profunda autocrítica sobre estas questões nos anos 90, não temos tabus escondidos, nem esqueletos nos armários, e temos a obrigação de contribuir para o constante reforço da democracia no partido e na sociedade. Para nós, o socialismo pressupõe e exige a luta pela democracia integral.

Também aprendemos que a hegemonia não é um postulado, não é um dado prévio. Para que os ideais que defendemos se concretizem é decisiva a construção de um bloco de classes que lute pelo poder e a hegemonia é uma questão que se perde ou conquista numa disputa constante e prolongada.

A UDP tem também uma linha de massas. Não esquecemos, nunca esqueceremos, que o nosso lema é, com o maior denodo e uma profunda humildade: “Servir o povo e nunca servir-se dele”.

Camaradas

A UDP transformou-se imenso nos últimos 20 anos. A passagem a associação política incorporada no Bloco de Esquerda abriu-a a novas metas, lançou-a num percurso de mudança, que muito caminho tem a percorrer.

De um exército derrotado de uma geração que lutou pela revolução, arriscado a ficar apenas nos livros da história, vemos hoje com confiança que a nossa associação tem uma nova geração, disposta a lutar intrepidamente pelos ideais de sempre e a assumir a responsabilidade da direção da luta pela transformação revolucionária da sociedade.

E nestes tempos turbulentos e difíceis só podemos pretender continuar a luta, tendo sempre presente que a nossa perspetiva é o “assalto dos céus”.

Ao trabalho, camaradas.

Lisboa, 2 de junho de 2012

Carlos Santos

 
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